Resposta ao NB “Sidrós de Santa Marinha de Ferral”
No dia 6 de julho de 2019, em Sidrós, estávamos longe de pensar que o repto do Dr. João Soares Tavares á Junta de Freguesia de Ferral, para comemorar o primeiro aforamento concedido ao primeiro casal, que deste modo passou a viver no local e que alguns aprendizes de historiadores, venham dar lições a outros investigadores já com uma vasta obra de trabalhos de investigação publicados, se insurgissem contra a colocação de uma placa alusiva ao aforamento concedido ao primeiro casal distinguido ou agraciado com carta de aforamento pelo Rei D. Afonso III.
Um articulista anonimo, escreveu no jornal Noticias de Barroso de Montalegre, que era uma burla histórica evocar um dos três documentos oficiais da Chancelaria do Rei D. Afonso III, que atribuiu três cartas aforamentos ao lugar de Sidrós no século XIII. Só evocamos o primeiro por ser o mais antigo, e por referir o nome dos dois primeiros habitantes conhecidos e agraciados com uma carta de aforamento (o casal Martim Lopes e Marinha Peres). É isto a tal burla histórica!. Tenham dó. Reafirmamos exatamente que este casal foram os primeiros habitantes de Sidrós dos quais se conhece o nome e a data em que iniciaram ou reiniciaram a sua atividade agrícola, com concessão do aforamento pelo Rei D. Afonso III. Este documento á época tratava quase sempre da isenção de impostos por determinado período de tempo, tendo em vista fixar novos moradores nas localidades, ou impedir que estes deixassem o lugar. Todo o resto é treta sem qualquer fundamento.
Já sabemos que vão dizer que não era o que estava escrito na placa. Mas a placa só deve referir o essencial. Quando se tem dúvidas ou não se sabe, pergunta-se. Esta atitude só demonstra uma certa ignorância ou malvadez que alguns indivíduos têm de contestar quem escreve sobre a história das aldeias de Barroso, cuja origem pode remontar ao século X a. c. Se outro facto não soubéssemos conhecemos as inquirições de D. Afonso III de 1258, sobre Barroso que referem no lugar de Sidrós os casais Pedreitate e do Souto em 1258. O objetivo deste evento era somente dar visibilidade às nossas aldeias e divulgar um facto histórico, que muita gente desconhecia que é comprovável por documentação arquivada na Torre do Tombo. Aliás o articulista comprova tudo só que aproveita para dizer que é uma fraude histórica que não prova, porque não existe fraude e aproveita para lançar ataques pessoais de politica local, que nada tem a ver com o evento. Só podemos repudiar este tipo de aproveitamento politico. Não dissemos em lado nenhum, nem o poderíamos fazer, de que o lugar foi formado com aqueles dois habitantes. Não digam aquilo que não é verdade, porque podem ser tratados por mentirosos.
O articulista diz que Martim Lopes e Marinha Peres de que falamos eram uns lambe botas! Esta afirmação é um espanto… quem é que vai lamber botas para ir para um lugar isolado e inóspito para trabalhar como agricultores, mesmo com carta de aforamento, como eram ao tempo a maioria dos lugares de barroso!. Não haveria melhores lugares para trabalhar do que em Sidrós?. Onde esta citada a fonte que privou com esse casal e que proferiu essa afirmação, há 761 anos!. E que dizer do casal Gonçalo Garcia e Maria Anes que receberam também carta de aforamento para Sidrós assinada por D. Afonso III, em 22 de abril de 1262 na cidade de Coimbra, que alcunha tinham!… também foram lambe botas! Por favor, não afrontem a inteligência das pessoas. Será que esses casais não viviam já em Sidrós e foram pedir melhores condições para se manterem no lugar. A suspeita vem das inquirições de 1258 em que o Capelão de Santa Marinha de Ferral João Peres, relator das inquirições de 1258, “refere que dois casais de Sudroos Pedreitate e Souto estavam isentos de pagar ao rei três quarteiros de castanhas secas pela teiga de Barroso”. Conhecemos exatamente das inquirições Afonsinas dois casais de foreiros que poderiam enquadra-se naquela situação (isentos de impostos) que são aqueles que já referimos. Mas não refere nomes próprios. Vamos ficar por aqui… e responder as ofensas à nossa dignidade de seres humanos com direitos.
A preocupação do Monarca D. Afonso III, com o povoamento de Barroso, está bem presente com cerca de cinquenta diplomas que emite para a terra de Barroso.
A defesa da fronteira com Espanha foi sempre preocupação evidente. Era nas aldeias que ficava a primeira fonte de recrutamento de soldados que eram mobilizados para a defesa da fronteira. Então onde é que está a fraude de que se fala no artigo? Tenham decoro. Não é correto fazer afirmações sem provar os factos. Lamentamos o aproveitamento politico de um ato histórico e de caráter cultural em Sidrós na freguesia de Ferral. Lamentamos também que a escrita desse artigo seja feita de forma anónima, por pessoa/as que não tiveram a coragem de dar a cara.
Neste caso tem aplicação plena as palavras escritas pelo Dr. João Soares Tavares, em artigo publicado no jornal Ecos de Barroso: oxalá outros autarcas sigam o exemplo do Presidente da Junta de Ferral no que concerne à preservação e revitalização da História da terra que representam, porque se a História veio ao encontro dos homens, nem sempre os homens sabem honrar a História.
Por nós, deixamos o assunto morrer aqui, porque estamos a perder o nosso tempo que podemos usar com melhor finalidade. Sugerimos que para mais e melhor informação consultem a Monografia de Ferral dos autores Manuel Afonso Machado e José Miranda Alves, que ficam mais esclarecidos sobre a história da Freguesia de Ferral – Montalegre. Este documento está disponível para consulta na Junta de Freguesia de Ferral ou na Biblioteca de Montalegre.
Fontes usadas:
Calvão Fernando (2011). Inquirições de D. Afonso III de 1258, publicadas em 2011, no Jornal o Povo de Barroso.
Livro I de Doações de D. Afonso III, folhas 30 vº, Instituto dos Arquivos Nacionais/Torre do Tombo, folhas 60 vº, IAN/TT e folhas 72 vº, IAN/TT
Manuel Afonso Machado, Economista, Jornalista e Professor do Ensino Superior