Capela da Senhora das Neves, em local ermo, próximo do Lugar de São Lourenço, Freguesia de Cabril – Montalegre
O Padre Diogo Martins Pereira diz no seu manuscrito que o Padre João Martins Pereira do Lugar de Chelo, Freguesia de Cabril foi o impulsionador da construção da atual capela da Senhora das Neves. Quando se decidiu pela construção da nova capela, no local haveria apenas só ruínas do convento das Pondras e da Igreja tinha ao lado, destruídos pelos invasores na guerra da delimitação de fronteiras e de combate aos cristãos. Diz o Padre Diogo, que leu num catálogo dos antigos Mosteiros dos religiosos de São Bernardo, onde citava o Mosteiro de Pondras, que pagava nos primeiros anos uma pensão ao Mosteiro da Senhora das Unhas que se situava na Vacariça de Pitões – Montalegre. Só deixaram de pagar porque estes não concorriam com nada para a Igreja da Senhora das Neves. Foi então estabelecido que os moradores dos lugares adjacentes contribuíssem com um tostão para aí se festejar a Senhora das Neves no dia cinco de agosto.
O Padre João era um fervoroso devoto da Senhora das Neves e não descansou enquanto não edificou uma nova Capela, que diz ter como alicerce a igreja antiga que estava ao lado da porta principal do mosteiro das Pondras. Quando da execução das fundações foi retirado do mosteiro um varão de ferro que fazia parte da cobertura, concluindo que a base estaria muito funda, o que tornava ao tempo impraticável a sua descoberta á luz do dia. Aproveitou assim o suporte da Igreja antiga para instalar a nova capela. A verdade é que existe ali pedra sobrante antiga, possivelmente de uma outra construção antiga existente (Mosteiro das Pondras) que estaria ligado ao Mosteiro de Pitões. Escavações no local, colocariam em visibilidade a necessária confirmação. A capela tem inscrita a data de 1720, que é a data de construção em honra de nossa Senhora das Neves. O Padre João de Chelo, nascido neste lugar e provavelmente Pároco da freguesia de São Lourenço de Cabril, é citado pelo Padre Diogo, que viveram no mesmo século e a fonte de todo a informação. Não temos a data exata da construção do Mosteiro, que albergaria cerca de 60 Monges, mas o encontro de ferro nas escavações poderá indicar o século da sua construção. O ferro forjado começou a ser utilizado na Península Ibérica a partir do século XV, pelo que pode ser nesse século o surgimento do Mosteiro. O Padre Diogo Martins Pereira, escreveu que no convento viviam 60 Monges trabalhavam e oravam, que foram mortos pelos invasores.
Á falta de documentos sobre as aldeias e a vida em Barroso em que algumas delas simplesmente desapareceram e outras novas foram criadas. Este documento manuscrito deste padre, natural da Casa da Freiria na aldeia de Pincães da Freguesia de Cabril, dá-nos alguma luz sobre o século XVIII destas aldeias da Freguesia de Cabril dos lugares das suas gentes e de algumas famílias. Cita particularmente a casa da Freiria onde nasceu e a sua genealogia das famílias e a dos Casais em Pincães e casa da Fonte em São Lourenço da fauna e flora existente no seu tempo de sítios onde havia moradores cujas casas desapareceram, mas que ainda estão no ouvido dos atuais moradores. Ajuda-nos assim a compreender melhor o percurso dos nossos antepassados. Este documento chega a Pitões e Covelo do Gerês. No que é citado no manuscrito para Covelo do Gerês, comprovamos a existência de um natural da freguesia citado como Governador Militar de Valença do Minho que comandou as tropas portuguesas e impediu o exercito espanhol de entrar em Portugal. Este facto foi comprovado como verdadeiro, dado que estava repetido num site da internet.
Refere também um milagre de um residente em Vila Nova que evocou a Senhora das Neves ao cair de uma cerejeira. Na queda teve uma visão da Senhora das Neves e não teve qualquer ferimento.
È também muito usado o clamor à Senhora das Neves nos casos extremos de tempo a (muito sol ou muita chuva) pedir a mudança do tempo a Senhora regressa à Capela. O pedido é satisfeito por sua interceção e o tempo muda.
O cruzeiro antigo, que existia na frente da capela foi mandado erigir por Domingos Aguiar, morador que foi no lugar de Vila Nova, por graça recebida pela sua filha Ana Aguiar. Foi derrubado por um camião em 2017, quando das obras no recinto e partiu, ficando no novo cruzeiro integrada a base do cruzeiro original com a evocação, conforme se pode verificar no local.
Manuel Afonso Machado