EM DEFESA DA HISTÓRIA
OS PORTUGUESES E O JAPÂO – UMA CURIOSIDADE
Hoje já ninguém tem dúvidas sobre o descobrimento do Japão pelos portugueses. Anterior à tão discutida viagem de Fernão Mendes Pinto, três aventureiros portugueses, “António da Mota, António Peixoto e Francisco Zeimoto, aportaram em Tanegashima em 1543” (1). Esta data é muito significativa para os nipónicos pois representa o primeiro contacto do Japão com a Europa. É, também, uma página gloriosa da nossa História que já conhecia. O que eu desconhecia e só recentemente soube por um mero acaso, verificou-se em 2012: emissão de selos no Japão para comemorar os 450 anos da abertura do porto de Kachinotsu pelos navegadores portugueses. Além da emissão de selos, as comemorações verificadas em 2012 naquela cidade japonesa, incluíram diversificadas manifestações lúdicas e culturais onde não faltaram fadistas japoneses, acontecimento certamente desconhecido da generalidade dos meus leitores. Refira-se que entre os primeiros navegadores que aportaram em Kachinotsu seguia o padre jesuíta Luiz Almeida também médico, que transportou para o Japão a medicina do Ocidente.
Somente nove anos depois por um feliz acaso, tive conhecimento das expressivas comemorações porque os Órgãos de Comunicação social do nosso país ignoraram o acontecimento nesse ano de 2012. “Determinado senhor” concluiria de imediato: a culpa é do sistema! Não. Não vou por aí. Deixo ao critério do meu caro leitor a interpretação adequada.
Eu encontrei uma explicação para este e outros factos de valor histórico sistematicamente desprezados, ou não divulgados, num livro editado já lá vão 16 anos. Pelo excerto que dele transcrevo constata-se que permanece actual: «Numa altura em que Portugal e os portugueses atravessam uma crise profunda a vários níveis, urge alimentar uma esperança para o futuro. (…). Constata-se com apreensão que, sensivelmente de há 50 anos para cá, todas as virtudes tradicionais que nos ensinaram a respeitar e cultivar, e ajudaram grandes povos a construir as suas nações, tais como o culto da tradição, a lealdade, a valentia, a nobreza de carácter, o patriotismo, têm sido sistematicamente atacadas, directa e indirectamente pela maior parte dos meios de comunicação social, (…), o culto dos heróis que nos foi legado pela nossa civilização greco-latina, e que inspirou tantos dos nossos antepassados para as obras e sacrifícios com que se fez Portugal, tem estado a ser substituído pela simpatia do anti-herói…» (2)
Na figura que junto reproduzo para que conste um dos selos emitidos pelos Correios do Japão em homenagem aos valorosos navegadores portugueses, acontecimento não divulgado em Portugal na data oportuna.
Notas:
- O descobrimento do Japão pelos portugueses no ano de 1543, in Anais da Academia Portuguesa de História, Lisboa, 1946.
- Daehnhardt, Rainer – Homens, Espadas e Tomates, Lisboa, 2005
(João Soares Tavares escreve segundo o anterior acordo ortográfico)