Antecipação do fecho das Centrais térmicas faz com que na Europa o preço da energia elétrica triplique e mais tarde ou mais cedo alguém vai pagar.
A antecipação do fecho das centrais térmicas na Europa foi uma decisão política que pode ficar cara. O termos potência instalada suficiente para o consumo do País não quer dizer que esteja disponível para utilização imediata. Daí que o planeamento energético tem regras que devem ser cumpridas. Já estamos a alimentar a nossa rede em algumas ocasiões com mais de 50% de energias variáveis nomeadamente a energia eólica que necessita de apoio de outras energias que estejam disponíveis para colmatar as suas variações, função muito dada as centrais hidráulicas e térmicas com grande potência instalada. Com o encerramento das centrais térmicas uma destas fontes secou em parte, mesmo antes de haver potência para substituir a potência retirada. Como é sabido no verão há muito menos água nas albufeiras que só fazem umas horas em ponta. Nem todas podem produzir nomeadamente as barragens que tem abastecimento de água a populações que tem quotas mínimas definidas das quais não podem descer. Daí se vê que a potencia instalada é muito maior do a que a pode vir a ser utilizada. Há grupos produtores que estão em conservação e manutenção para estarem operacionais e com fiabilidade na parte restante do ano. A produção de energia eólica também é inferior no verão e a energia solar só existe de dia. Todos estes fatores nomeadamente as energias intermitentes têm que ser tidas em conta na definição da gestão da potência da rede nacional. Contar com a disponibilidade da energia dos outros é um erro colossal, como se viu no apagão europeu. Não foi pior porque os automatismos instalados nas subestações portuguesas limitaram o seu alcance.
Havia condições para projetar e definir uma potência para o corrente ano sem cortes de energia, mas causas externas baralharam os dados e agora pagamos o triplo pela energia que necessitamos. Não tenhamos dúvidas de que a energia renovável ainda é cara pelo que o aumento do preço da energia vai ser uma constante. Há meia dúzia de anos li que as quatro turbinas eólicas montadas no mar ao largo de Viana do Castelo tinham um valor de exploração para a energia produzida de 100,00€ por MW/h, quando a energia no mercado da época andava em média nos 30,00€ MW/h que já foi largamente ultrapassado.
Se tivermos em conta o princípio da prudência era necessário adiar por algum tempo o fecho das centrais térmicas em condições de funcionamento para garantir a fiabilidade da rede nacional. Logo que houvesse potencia instalada para as substituir então procedia-se ao seu encerramento definitivo.
Será que a energia que estamos a comprar é toda de origem renovável? Não sabemos. Só o fornecedor tem informação fiável sobre as fontes de produção.
Mas ainda temos recursos a que podemos deitar mão e quanto mais depressa melhor.
Necessitamos de definir uma nova política energética nomeadamente na produção de energia solar pelos consumidores domésticos e industriais.
A atual legislação não é atrativa para o investimento em energia do consumidor doméstico que não possuindo acumulador de energia e não estando a usar o equipamento em permanência que comprou está a produzir energia para a entregar á rede a custo zero.
Os Brasileiros, fizeram uma lei muito mais amiga dos seus consumidores e do ambiente. A energia que não consomem é entregue á rede por um contador de energia bidirecional que é utilizada mais tarde quando dela necessitarem. A rede elétrica Brasileira funciona assim como uma grande bateria que serve todos (consumidores e distribuidores) com enormes vantagens para os consumidores já que o Estado poupa muito dinheiro em instalações alternativas.
A utilização de baterias pelos consumidores para armazenar energia encarece enormemente o investimento nesta produção renovável, e não trás qualquer vantagem ao cliente ou á rede elétrica. Pelo contrário traz muitas vantagens rede elétrica nomeadamente na melhoria da qualidade da energia disponibilizada e redução de eventuais quedas de tensão.
Num sistema desta natureza presume-se que em cinco anos se poderia aumentar a potência disponível da rede energética em 20%. De salientar alavancagem da economia face a criação de novo emprego e novos materiais com aumento de rendimento disponível pelas famílias já que este investimento se paga a si próprio.
As distribuidoras a todos os níveis de tensão, não tem necessidade de contruir novas linhas de transporte de Muita Alta Tensão, Media Tensão ou de Baixa Tensão, porque a produção é feita junto do consumo.
Criação de emprego e de fábricas de montagem em várias partes do país e empregos também na montagem e reparação de avarias dos equipamentos.
Vantagens na produção de energia não poluente e amiga do ambiente.
Diminuição do consumo de gaz natural que é de origem fóssil e redução da balança de pagamentos ao exterior.
Aumento do rendimento da população
Melhoria do ambiente, com a redução das emissões de CO2 pelas centrais produtoras a gaz natural.
Custo para o consumidor em vez de instalar um contador de energia norma instalava um contador de energia bidirecional que conta a energia consumida e a produzida e é no encontro destas duas (produção e o consumo) que faz o pagamento.
Limitações: A potência cedida para esta utilização é sempre inferior a potência contratada, pelo cliente, o que implica que o consumidor não recebe dinheiro pelas trocas de energia, mas sim energia (kw/h) que produziu para o seu consumo. Tudo muito simples. Haja é vontade política para seguir em frente e todos teremos vantagens nomeadamente o consumidor e o País, com a implementação deste modelo.
Já sabemos que os mercados funcionam com a procura e a oferta. Quando há escassez de oferta o preço sobe e quando há excesso o preço desce. São leis universais do funcionamento de qualquer mercado em concorrência perfeita, e que as empresas vão aproveitar para se capitalizarem.
Manuel Afonso Machado – Economista