Portugal vai entrar em recessão económica em 2023…
Neste momento e se nada for feito, podemos dizer que estão criadas as condições técnicas para que tal aconteça.
O Produto Interno Bruto (PIB) é o nome que damos ao valor monetário total dos bens e serviços finais produzidos por um país durante um ano. Ou seja: a soma dos valores monetários do consumo, do investimento bruto, das compras de bens e serviços pelo Estado e das exportações líquidas (exportações menos importações), produzidas num país durante um ano.
Temos um PIB a decrescer quando diminui o investimento, e o consumo e as exportações líquidas. Daí que uma inflação alta desincentiva o consumo, o aumento de juros desincentiva o investimento dos particulares e das empresas e aumenta a nossa dívida externa. O aumento da taxa de juro combinado com a inflação superior a 9% em julho pode levar os particulares a entregarem aos bancos os ativos que compraram e que agora já não podem pagar.
Então o que é tecnicamente a recessão de um país. Diz se que está em recessão quando o PIB real entra em queda em dois trimestres sucessivos. Para evitar esta situação há remédios a implementar antes de que tal aconteça.
Vantagens que neste momento temos: Praticamente não temos desemprego. A taxa que existe neste momento é de pessoas que não querem trabalhar. Quando as pessoas querem trabalhar tem que se deslocar para onde há oferta de empregos. Não são as empresas que se deslocam.
A taxa de inflação atual existe fundamentalmente por causa da baixa da oferta de energia quando temos uma procura que não é elástica. Mesmo assim, houve empresas que deixaram de produzir por não serem competitivas com os preços de energia atuais. As empresas passaram para os clientes o aumento dos custos da energia. Em economia há que fazer escolhas e o fecho das centrais térmicas poderia ter sido adiado até termos uma situação energética económica mais favorável. A potência energética hídrica habitual deixou de existir devido à seca e é agora residual. Além das energias renováveis restam-nos as centrais a gás natural e as importações de energia para manter o atual consumo.
A energia elétrica não aparece de um momento para outro. É necessário um grande investimento e tempo para construção. O nosso mercado ibérico (MIBEL) é muito pequeno para ter oferta a preços competitivos.
A Comissão Europeia (CE) sabe disso e o governo também. Há remédios que devem ser aplicados, nomeadamente para a manutenção da Procura Interna (PI), individual e empresarial. Para os indivíduos devem repor-lhe o poder de compra aumentando as pensões e os ordenados. Para as empresas disponibilizando dinheiro com juros mais baratos para aumentar as exportações. Mas Portugal tem uma dívida externa que é necessário ter em conta e que a CE conhece bem e que dificulta muita coisa.
Daí que quando o economista Vítor Constâncio diz que vamos entrar em recessão em 2023, pode mesmo acontecer…
Manuel Afonso Machado – Economista