LEITURA EM TEMPO DE CRISE

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Dr. João Soares Tavares

                                             LEITURA EM TEMPO DE CRISE

João Soares Tavares

 Permaneço em casa sem sair há cerca de dois meses, sequer para dar um passeio na rua adjacente. Acontecerá algo semelhante ao meu estimado leitor. Os números de mortes e contaminados pelo COVID 19 falam por si. Aproveitei a clausura para ler livros oferecidos em épocas festivas que aguardavam uma oportunidade para serem descobertos. Substituí (suspendi) a rubrica “O corço do Gerês” em curso neste jornal, por uma pequena história propícia a uma leitura em tempo de crise.

Pintura de Frank Bramley

                                       

Um casal vai de férias para um hotel rural localizado nas margens de um rio.

O homem gosta de pescar e a mulher gosta de ler.

Certo dia, o marido regressa da pesca no seu barco, guarda o peixe que pescara e resolve dormir uma soneca.

Não conhecendo o rio, a mulher decide-se por um passeio no barco do marido. Rema durante algum tempo e após encontrar um lugar apropriado ancora o barco na margem. Dispõe-se a ler um livro.

Chega um guarda ambiental no seu barco, coloca-se ao lado da mulher e diz-lhe:

– Bom dia, minha senhora. O que está a fazer?

– Estou a ler um livro, como é óbvio! – responde ela.

– A senhora está numa área restrita em que a pesca é proibida.

– Sinto muito, mas não estou a pescar, estou a ler.

– Sim, mas, a senhora tem todo o equipamento de pesca. Pelo que sei, pode começar em qualquer momento. Se não sair daí imediatamente terei de multá-la e processá-la.

– Se o senhor fizer isso, terei de acusá-lo de assédio sexual.

– Mas eu nem sequer a toquei! – responde o guarda ambiental!

– É verdade, mas o senhor tem todo o equipamento. Pelo que sei, pode começar em qualquer momento!

– Tenha um bom dia, minha senhora! – diz o guarda, e foi embora.

Moral da história:

Nunca discuta com uma mulher que lê, pois certamente ela pensa! Portanto, amigo leitor, enquanto não lhe for permitido pescar ou dar um passeio… de barco e, for obrigado a permanecer em casa, interrogue-se: será preferível iniciar uma discussão com a esposa/namorada, ou embrenhar-se na leitura de um bom livro? Em qual das opções sairá sempre a perder?

 

 

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