Um primeiro-ministro demite-se por estar sob suspeita. Um Governo de maioria absoluta cai. Um Presidente da República convocou eleições. O primeiro-ministro demitido é eleito Presidente do Conselho Europeu. O novo primeiro-ministro fica sob suspeita, em versão mais difusa mas persistente. Não se demite, mas concorda com Costa que não é possível governar sob suspeita. O Presidente da República faz-lhe a vontade e convoca eleições. Para o português médio, que o que quer é melhor atraso, menos impostos, mais casas, menos barracas, melhor saúde, mais segurança e menos chatices, nada disto faz sentido. Não é expectável que Montenegro, caindo, vá para uma carga alta na Europa, não é impossível que o percurso de Costa leve o cidadão comum a achar que chega de lixo. Se a Justiça anda há mais de dez anos às voltas com Sócrates, se não ata nem desata o parágrafo que tramou Costa, e se nem sequer ouviu Albuquerque, que após a invasão da PJ soma e segue na Madeira, talvez seja precipitado achar que o “inquérito preventivo” anunciado por Amadeu Guerra à Spinumviva e a investigação ao caso do cimento da casa da família Montenegro (a do Norte, porque a de Lisboa, que juntou dois andares sem pré-aviso à câmara, já passou) possa vir a dar para grandes revoluções.