QUE ENSINAMENTOS DEVEREMOS RETIRAR DESTE APAGÃO PARA O FUTURO
Todos ficamos incrédulos, pois há anos que não acontecia um apagão da rede elétrica nacional. Numa primeira análise podemos dizer que a rede elétrica não foi gerida com eficiência e eficácia dado que as potencias em excesso não foram retiradas da rede nos momentos críticos, quando tal se observou. Numa rede elétrica de qualquer pais a potencia entrada na rede tem que ser igual a potencia consumida. Ainda bem que temos aparelhos na rede que estão vigilantes e não deixam ocorrer situações que podem provocar prejuízos enormes aos consumidores e a própria rede. Foram os frequencímetros e outros autômatos que desligaram a rede elétrica nacional, para proteger todos os equipamentos que poderiam a ela estar ligados, naquele momento. Desde que a primeira subestação nacional sai da rede, pode haver logo o efeito domino devido á falta de potencia na rede dado que os geradores ligados á rede como chefes de frequência e outros equipamentos nomeadamente os que estão preparados para consumir energia, não conseguem resolver o problema funcionando como motores, no caso de potencia em demasiada ou como geradores de potencia no caso de falta de potencia, repondo o equilíbrio entre a potencia entrada e a potencia consumida estabilizando a frequências da rede elétrica.
Pelo que se houve dizer na comunicação social, teria havido excesso de energia na rede que deveria ter sido corrigida pelas soluções implementadas pela rede elétrica portuguesa e espanhola, já que estávamos interligados. Nesta parte vamos aguardar pelos relatórios das entidades competentes. Não há aqui qualquer culpa das energias renováveis já que os Centros de Comando dos dois países (Despachos Nacionais) tem que ter implementado as soluções adequadas, capazes de resolver as situações de desiquilíbrio anormais, já que as redes estão permanentemente em desiquilíbrio devido as variações de consumo.
É para esse efeito que existem os Centros de Comando Controlo de Potencia das redes energéticas Portuguesa e Espanhola, cuja função principal é a vigilância permanente das potencias que transitam na rede e garantir o equilíbrio técnico entre a produção e o consumo.
Uma situação difícil de entender foi o tempo de reposição da rede portuguesa. Vai ser necessário rever tecnicamente muita coisa nomeadamente mobilizar a potencia que dispomos e não esta disponível para lançar na rede. A coordenação dos meios existentes nomeadamente a possibilidade de lançamento dos geradores produtores com potencias significativas é fundamental para a redução do tempo de apagão que tantos custos e problemas pessoais causou aos portugueses. Portugal rem instalada a potencia necessária para fazer face aos consumos nacionais e fazer trocas de energia com a Europa. O problema deveria já ter sido resolvido, porque não devemos adiar soluções que são utilizadas em casos extremos que acontecem fazendo os investimentos necessários que nos vão beneficiar quando acontecem situações excepcionais e que podemos resolver com a prata da casa. Nesta parte deve ser feita uma investigação capaz de identificar no país quais os centros produtores a mobilizar nestas situações onde o Despacho Nacional de Energia e a REN e a EREDES estejam sincronizados já que a EREDES não pode alimentar os clientes sem que a REN lhe alimentar as subestações.
Algumas situações devem ser analisadas para futura correção, porque há pequenos produtores de energia solar cujos sistemas tinham potencias instaladas suficientes para os alimentar e não o fizeram automaticamente como deviam. As telecomunicações não funcionaram como deviam por não terem meios próprios eficazes de se autoalimentarem, pelo que se desligaram em momentos cruciais de manobras da rede e de sossego das populações. Outros consumidores ficaram sem agua em prédios em altura porque os sistemas de bombagem pararam. Debilidade normal mas que os clientes não se apercebem. quando não há falta de energia, pelo que deviam ter sistemas de emergência instalados de recurso e não tem. Vi pessoas carregando garrafões de agua dos supermercados, porque não havia informação credível por onde as pessoas se pudessem guiar.
A EREDES está de parabéns. Fez o trabalho bem feito que lhe competia, mas sempre limitada pelo fornecimento da Energia de Alta Tensão para alimentar os transformadores de Média Tensão que por sua vez alimentavam os clientes em Baixa Tensão. Na zona de Montalegre, o baixo Barroso foi alimentado pelas quatro da manhã de terça feira. E do regulamento que as zonas prioritárias a restabelecer primeiro são as que tem mais clientes.
Parabéns a uma vasta equipa de trabalhadores da EREDES e Prestadores de Serviço no terreno liderada pelo Diretor da Área de Rede Norte Eng. Paulo Torrão.
Manuel Afonso Machado – Jornalista